segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Conto: Uma história sobre a vida


Uma história sempre abre feixes, eixos, janelas, portas e tetos para os sonhos, as lutas e principalmente o amor, histórias abrem tantos caminhos, tantos destinos, pois histórias na verdade retrata, contorna, e, na sua forma nos fala de vida... Uma vida que na sua finitude, sempre abre uma nova janela para uma nova história, vamos então queridos, bailar com a vida.
Comecemos este conto com amor... Este amor que não é carne, nunca será desejo, pois estes luxos cabem a uma paixão na loucura desenfreada, encontra freios e arreios, e, o fim, é um triste fim! Amor é marcado com dores, pois na arte de sofrer, aprendemos a amar, aprendemos a amar os filhos que vem, às histórias que o amado nos conta, seus momentos alegres (mesmo nós estando tristes), mas também compartilhar as tristezas, destinos marcados com a assinatura do “lutaremos juntos”, isto sim são contos da vida... 
Os anos passam como um vento sutil tocando nossas faces, quando nos damos conta, já se passou uma década, mas não busco atentar a isto, busco falar desta singela menina que nasce aos prantos, a bela Maria, uma Maria de fé, de raça, de gana, e, com tantos defeitos e tantas qualidades, não nasce um conto de fadas e sim um ser humano, um ser humano que por humanidade erra e tem medo de assumir seus erros, esta Maria ainda vai aprender muito, com seus sofrimentos e com suas alegrias!
Maria, filha de José, um homem que fez uma vida digna cercada de lutas e trabalhos, mas vivia aos gritos com sua esposa Joana, pois há anos estavam casados e nunca tiveram um filho, Joana sempre engravidava, porém invitáveis acidentes, fazia-a perder a criança, José entra numa vida cercada de alcoolismo, não trabalhava mais, vivia no bar, e, havia se esquecido que casou-se por amor, até que um dia Joana, na esperança de dias melhores, engravida, e, nasce esta saudosa Maria, a vida de José não muda mais, o vício já o corroía por inteiro, e, não pode nem ao menos acompanhar a esposa no parto, a única companhia de Joana era seu pai Bernardo, e, assim seria, quando Joana volta a casa encontra sobre a casa José, parecia estar dormindo, porém já não era mais isto, José envolveu-se com drogas, e, aquela vida que tinha tudo para dar certo (esposa, marido e filhos), foi cessado por uma overdose.
Enquanto os anos se passavam, Joana que tanto amava José (mesmo com todos seus defeitos) só conseguia levar a vida em frente, pois tinha uma nova vida a construir, a vida de sua filha Maria, foi lhe entregando amor, todo o amor do mundo, e, Maria vendo o sofrimento de sua mãe que tanto lutava para fazer-lhe feliz, fazia de tudo para retribuir todo aquele carinho, Joana desenhava com o destino os passos de Maria, o falar, o sonhar, o fazer, o lutar, o conquistar, até que começam a surgir os primeiros raios de mulher desta filha que compensava o vazio que seu marido deixou!
Maria então nas amizades escolares vê seu olhar obrigando buscar um novo norteio, era Roberto, e, o que parecia ser a busca dos olhos era na verdade o encontro que seu coração idealizava, Maria estava aprendendo a amar, não estava apaixonada, mas estava presa num enamoro que a fazia procurar uma vida em comum ao lado de quem tanto amava:
- Olá – saúda Roberto.
- Oi – responde Maria – Você é o Roberto não?
- Sim, como sabe?
- Alguns colegas comentaram comigo!
- E você quem é?
- Sou Maria, e, você é lindo...
- Você ficou vermelha... Maria!
Sim, Maria estava vermelha, este era o seu primeiro amor, ao chegar em casa, Maria pergunta a sua mãe como ela conheceu seu pai, Joana então conta-lhe tudo de lindo que viveu, e, como o sonho tornou-se pesadelo... Retratou que sempre foi tímida e temia chegar perto dos garotos da cidade, mas gozava de uma beleza fora do comum, foi quando José começou a sentir algo fora de si por ela, e, começou a lutar por este amor, viveram momentos únicos, momentos de cumplicidade um com outro, mas sempre respeitaram o tempo um do outro, foi quando decidiram transformar todo aquele amor em uma vida em comum, casaram-se, e, a história foi a que contamos, Maria sentia-se entre a rosa e os espinhos, porém o amor falava mais forte dentro dela, outro dia de escola percebe que Roberto já não estava mais lá, foi embora com seus pais...
Novos anos tomam alguns percursos e aquela Maria que estava nos raios, hoje já é uma mulher, já não morava em sua cidade natal, pois pela sua formação, conseguiu um emprego longe dali, o retorno foi quando recebe a notícia que sua mãe estava muito doente...
- Minha filha... – suspira Joana – Como eu sonhei em te ver onde você chegou, eu amei demais seu pai, pude ama-lo mesmo errando o tanto que ele errou, eu também errei muito nesta vida minha filha, foi por isto que não olhava os erros de seu pai, quando perdi ele, tão moço, tão jovem e belo, foi você quem cobriu todo este vazio, foi você que me ensinou a viver a vida com mais luz e mais amor, foi te amando que eu consegui ser feliz...
- Por que está me dizendo tudo isto mamãe? 
- Por que Maria sinto que o meu tempo está terminando por aqui, e, eu não quero que você se sinta culpada por nada, engravidei três vezes antes de você, mas não consegui gerar estas crianças, você, minha quarta gravidez, me proporcionou a aprendizagem de ser mãe, você me ensinou a amar como nunca amei, hoje sem José, aprendi o valor de um filho, só quero saber algo Maria, você me ama?
- Te amo mamãe, sempre te amei – as palavras calam com o silencio da morte e a vitalidade das lágrimas, Maria debruça sobre o corpo de sua mãe.
No enterro, Maria recebia os consolos de uma tia da parte de sua mãe, que acariciava seus cabelos e dizia que tudo isto passa, no cemitério, Maria encontra aquele quem amor tanto no passado:
- Maria?
- Sim? Não acredito é você Roberto?
- Sim Maria, sou eu! Sinto por você ter pedido sua mãe... – Indaga.
- Mamãe significava muito pra mim Roberto, mas sinto-me feliz em te reencontrar!
- Depois que fui embora alguns colegas meus me disseram que você gostava de mim, é verdade?
- Sempre te amei Roberto, depois que te conheci, nunca mais consegui amar ninguém.
Após esta conversa, Roberto e Maria trocam números de celulares, e, começam a conhecer-se melhor, após alguns encontros, assumem o namoro, e, logo marcam a data do casamento, na celebração religiosa, Roberto e Maria juraram uma vida em comum, uma vida onde um respeitaria o outro, um viveria em comunhão e entrega ao outro, era um amor verdadeiro que havia no coração dos dois!
Ao completar dois anos de casados, Maria descobre a gravidez, quando Maria vai realizar uma dos ultrassons descobre que seu filho sofre de anencefalia, o doutor chama Roberto e Maria para uma conversa em particular:
- No Brasil a prática do aborto é ilegal, mas posso recomendar um médico do exterior que realiza este processo, não é muito barato, mas naquele país é legal!
- Doutor, eu tenho uma vida dentro de mim! Dela eu nunca vou abri mão, prefiro abrir mão de mim, a do meu filho, eu não irei mais me consultar nesta clínica, pois prezo pela vida! – responde Maria.
- Sim doutor concordo com minha esposa, não é por que o nosso filho sofre de anencefalia que vamos abrir mão dele, poder ser pouco o tempo de felicidade ao lado dele, mas eu e minha esposa vamos aproveitar ao máximo, e, ao senhor desejo que passe muito bem. – diz Roberto.
Os meses completam, e, embora a gravidez de Maria tenha sido muito difícil, ela dá a luz ao seu filho, batiza-o, e, o dá o nome de José, em lembrança a tudo que sua mãe viveu ao lado de seu pai, o menino conseguiu viver um ano, mas pela doença logo faleceu, Maria, embora triste, pode dizer a Roberto que foi muito feliz ao lado de José, marido e mulher tentaram outras vezes ter filhos, até que um dia conseguiu... O sonho da família feliz é difícil de palpar, pois o tempo limita tudo, mas o ideal foi que ambos conseguiram viver o amor e a cumplicidade entre si, e, nesta entrega mutua de tanto amor, eles conseguiram bailar e sonhar com esta vida que tanto nos ensina...
Amor, este foi o primeiro passo para viver a vida!

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