sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Poesia: Retrato do Mundo Inteiro


O que é ser mulher?
O que é olhar ao tempo sem temer?
Essa vida que emana do meu seio,
Este destino que não nasce do meio,
E eu!
Loucamente eu!
Mulher, mãe e sonho!

Acordei pela manhã,
Fui ao lavabo,
Lavei meus pulsos,
Lavei minhas mãos,
E naquela mesma água,
Naquele mesmo verbo,
Meu rosto foi lavado:
Estava lá eu e eu!
Quem realmente sou,
E o reflexo do que sou!
Fale comigo espelho...
Tantas aparências,
O mundo quer assim,
Mas eu mulher,
Eu não desejo que assim seja!

Este utuero que gerou,
Que gritou,
Este seio que amamentou,
Viu seu filho ser vítima do mundo,
Que mundo?
Aquele sujo, aquele imundo...

Estava podre!
Fedia marxismo cultural,
O odor vinha de uma carniça morta,
Proveniente de um capitalismo selvagem,
Mas então apareceu Adorno e Marx,
Falaram de indústria cultural,
Tudo era lindo,
Até fuzis macharem,
Sujarem,
Lavarem o mundo
Com o sangue que santifica o comunismo e o socialismo!

Ideologias podres!
Ideologias destruídoras...
A carniça era mais forte!
Eu queria enterrar, 
Mas ela persistia em matar.
E matava,
Eu lhe atirava,
Mas o comunismo,
O socialismo,
Continuava a aniquilar!
Apelei ao verbo gritar,
Mas esses são vermes,
É a autêntica prisão do livre arbítero!
E o meu filho!
Meu lindo filho...

As drogas sempre são maravilhosas,
Ainda mais as drogas que são apresentadas como santas ideologias!
Ideologias...
Podres Ideologias!
Matem as ideologias!
Eu sou mãe!
Não quero que outras mães,
Morram por serem mães,
Mas eu não morri por ser mãe!
Morri por perder meu filho,
Morri por que a ele a ideologia era o céu,
Karl Marx era Deus,
E o comunismo e o socialismo os santos intercessores,
Interruptores!
Isso sim!
Já a mim!
Dor,
Dor,
Dor,
E o grito pelo amor que morreu,
Hoje quem resta sou eu!

Meu menino operário,
O marxismo te tornou um proletário,
Um otário meu anjo!
Um descontrolável que queria poder,
Um criança que perdeu o ego de viver!
O comunismo se mata,
O socialismo se destrói,
E as mães,
Como ficam as mães?

Sobram as mães verem o circo natural ser interrompido,
Ser corrompido,
Um dia foi judeu,
Outro europeu,
Outro o meu!
O meu filho!
Descanse em paz,
No lar,
No gesto de clamar...
Muitos morreram,
Poucos são os que sobreviveram!

E agora,
Já chorando,
Continuo lavando,
Disfarçando que sou forte,
Mas não sou forte,
Sou mãe!
Eternamente mãe!
Uma mãe que viu seu filho morrer,
Hoje o gesto de ver-lhe nascer,
Viver,
É enterra-lo,
Mas justiça não é feita,
Justiça é seita!
E eu,
Todos os dias,
Todas as manhãs,
Acordo,
Recordo
E lavo novas lágrimas!

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