sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Reflexão: O sertanejo não é sertanejo (Assunto: Comportamento, Cotidiano e Cultura)


Infelizmente meus amigos trago-lhes com rasgada dor a notificação de que o sertanejo não é sertanejo! Nesta era que se findou há quase meio século onde cantores que se rotularam de sertanejos, sou obrigado a olhar com maus olhos! A maioria saíram do seio de Goiás, do coração do interior paulista e das olhadas terras mato-grossenses, sim! Terras filosoficamente e poeticamente literárias onde o enredo se desenvolve nas belezas dos Pantanais, de plantações e colheitas fartas que eternizaram o rural brasileiro, o berço dos cafezais, da pecuária, agropecuária e agronomia, mas não! Não é o sertão! 
Queria falar apenas da rasgada sanfona de Luiz Gonzaga, ou dos personagens de Jorge Amado, Rachel de Queiroz ou Guimarães Rosa, mas o meu sentir, o meu urrar, o meu ver vai além, muito além... Falo do cheiro do sol! Não sabiam? No sertão o sol exala o seu perfume, não é o aroma do nascer ou pôr. É o cheiro do dia inteiro, é a paisagem com cacto e caveira de boi que nem Tarcília do Amaral foi capaz de pintar, é o alto de morros sem favelas, onde a vida é o vegetal seco e lá em cima com doída subida sob espinhos o deleite de uma paisagem inesquecível! São as feiras com cheiro de cominho, e, outros temperos baianos que super ou hiper mercado algum conseguirá vender. O sertão que guarda a história de pais rígidos, ríspidos, duros, severos e de um amor incalculável, de amores rasgados e separados, de arquiteturas jamais estudas, e, o conto de fadas que não é conto de fadas, é a história do sertão, é cordel, é sonho, é mentira, é verdade! Esse é o sertanejo! 
Não desmereço o sudeste e centro este brasileiro, é poético nosso interior paulista, é inenarrável as belezas do Pantanal, e, Goiás, oh Goiás... Mas sertão é sertão! 

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